A Execução de Um Assassino

_Vamos logo, não quero perder a primeira execução! - Disse Jastra incentivando o companheiro.

_Calma! Pisei numa pedra e meu pé tá doendo. - Rebate Ulknar, sempre incomodado pelo fato de a apaixonante amiga ser mais ágil.

_E você ainda fala que vai servir à infantaria dos Leões Dourados. Ah...duvido! - Desdenha a garota.

_Mal consegue correr, quanto mais lutar numa parede de escudos. Complementa Jastra.

_Uh...vou sim. Minha mãe fala que estou crescendo rápido e estou fazendo exercícios. Afirma Ulknar, tentando manter a dignidade.

_Corre, corre. Ali! Vamos subir naquela pedra para termos uma visão melhor. - Diz a garota disparando na frente e escalando a pedra.

_Espera! - Protesta Ulknar em vão.

_Vai precisar de ajuda para subir? - Desdenha novamente Jastra.

_Claro que não! Vou ser um leão. Não preciso de ajuda para subir numa pedra. Diz o garoto com a dignidade inabalável. - Quando alcança o topo, a amiga pergunta:

_Você sabe quem será executado?

_Sei. O nome dele é Kjartan, o Cruel. É o assassino do pai do Senhor Uther e do irmão dele que está ali. Tá vendo? - Pergunta Ulknar apontando o dedo para Derfel.

_Tô, mas como você sabe disso? - Questiona Jastra.

_Meu tio é um leão. É aquele que está segurando aquela espada imensa. Parece que o túmulo dele está até pronto. - Esclarece o garoto.

_Ah é?! E o que diz na lápide? - Pergunta Jastra, incapaz de esconder a curiosidade.

_Meu tio disse, mas eu não lembro. Depois passamos lá para ver. - Sugere Ulknar.

_Shiiiiiffff! - Interrompe Jastra. _Vai começar! Espero que não seja um covarde e feche os olhos. Aposto que fará isso. - Continua a garota com o desdém.

_Não vou não. Sussurra Ulknar, enquanto o tio oferece o cabo da espada ao Senhor dos Leões.

O silêncio se instala e é possível escutar o som do aço beijando a bainha, enquanto surge para refletir a luz do sol.

Por fim, o executor sentencia:

_Eu, Uther Ap Ragnar, O Flagelo de Heironeous, Senhor dos Leões Dourados e Guardião de Luntes, o condeno, Kjartan, O Cruel, à morte, pelo assassinato de Ragnar Ap Ravny.

E a imensa espada desce, em um único golpe, limpo e mortal para separar a cabeça do condenado de seu corpo, enquanto o sangue se esparrama pelo chão e a multidão grita histericamente.

_Viu? Não fechei o olho. - Diz Ulknar orgulhoso e, virando-se para a amiga, a encontrando com os olhos cerrados.

_Hahahaha!!! Ficou com medo! - Zomba o garoto completamente eufórico.

_Quieto! Sou só uma garota. - Defende-se Jastra, que continua:

_Vamos correr para o túmulo antes que levem o corpo.

_Boa ideia. - Concorda Ulknar, enquanto vê Jastra pulando da pedra.

Após uma breve corrida, Ulknar chega ao túmulo e vê Jastra contemplando os dizeres da lápide. Ofegante pergunta:

_Você já leu?

_ Sim. - Responde a garota, que passa a ler em voz alta:

_Aqui jaz Kjartan, o Cruel: Assassino, Ladrão e Desonrado.

_E aquele espeto ao lado? - Pergunta Ulknar.

Após um tempo refletindo, Jastra finalmente responde:

_Deve estar reservada para a cabeça dele.

_Parece que os corvos terão um banquete. - Diz o garoto.

_É isso que dá receber a justiça do leão. Complementa Jastra, que vira para o amigo.

_Uma corrida até em casa? Desafia a garota, já deixando o amigo para trás.

_Assim não vale! Lamenta Ulknar em vão, enquanto inicia a corrida.